TODAS RAINHAS E SÓ UM REIS

TODAS RAINHAS E SÓ UM REIS
Ellen, Rosy, Carolina, Anésia e GR

segunda-feira, maio 30, 2011

Poeta das Águas Doces na Entrega do Troféu Açorianos a Glênio Reis


                             
Dia 26/04/2011, fui intimado pelo radialista Glênio Reis, a comparecer no Teatro Bourbon Country, a fim de acompanhar a cerimônia de entregas dos troféus relativos à 20ª. Edição do Prêmio Açorianos de Música (2010), no qual recebeu Menção Especial por seu expressivo desempenho como mais antigo comunicador gaúcho na área musical. Também receberam essa premiação Ayrton dos Anjos, renomado produtor fonográfico do Rio Grande do Sul; Carlos Branco, produtor musical; OSPA 60 Anos e Revista Noize. Os Homenageados do Ano foram Kleiton e Kledir pelo conjunto da obra.

Em sua fala de agradecimento, este filho de “seu” João dos Reis e de Dona Carolina Tanger dos Reis salientou a sua plena disposição de continuar atuando à frente dos microfones, faça frio ou faça calor, sem ligar para o avançado de seus 83 anos recém completados. Mantém-se ativo enquanto sua saúde permite para dar continuidade na apresentação do seu consagrado programa Sem Fronteiras das noites de sábado e, às vezes, das madrugadas de domingo – “sem preconceitos, onde a mediocridade não tem vez” – sempre na sintonia da Rádio Gaúcha, de Porto Alegre.

Com emoção referiu-se à presença de seus familiares na primeira fila da platéia de que muito se orgulhava – suas filhas Ellen e Rosy, ambas professoras como sua saudosa esposa Anésia Pereira dos Reis, e mais a neta Carolina, a quem nutria esperança de que se tornasse como ele radialista. Ao final de sua oração, o público levantou-se para aplaudi-lo em demorada salva de palmas, como testemunha desse ato de reconhecimento a quem vem se dedicando com notável pertinácia à missão de levar entretenimento e cultura ao nosso povo.

A família Reis me proporcionou uma festa maravilhosa, senti-me bastante honrado com o convite deles e apreciei muito essa companhia como se fosse um de seus membros.

José Alberto de Souza.

sábado, maio 21, 2011

RÁPIDAS PINCELADAS RADIOFÔNICAS
Glênio Reis
Radialista, programador musical, apresentador de programas, animador de auditórios.

“Muito antes de realizar o sonho de me tornar um profissional de rádio, eu organizava , produzia e apresentava na antiga Rádio Difusora (na época uma Emissora Associada, assim como a Rádio Farroupilha) um programa ao vivo de jazz, com músicos locais e dos que por aqui passavam vindos do Rio ou São Paulo. Tudo por amor à música e pela vontade de me tornar um radialista, simplesmente.

Corria o ano de 1957 e a Difusora se preparava para fazer outro tipo de rádio, voltado para a música e programas de estúdio. As portas estavam se abrindo para mim. De repente, chega a notícia de que a Difusora estava sendo negociada. Feita a transação comercial, fui incluído entre os profissionais contratados da Rádio como produtor.

Não satisfeito e querendo espaço para lançar meu programa, todos os dias eu enchia o saco do Diretor de Programação, Aramis Brickman, para que me deixasse animar um programa na nova Difusora. E, todos os dias, eu ouvia o clássico NÃO. “Produtor, produz – dizia ele -; não pega microfone”.

Até que um dia, cansado de tanto ouvir minhas cantadas, foi logo dizendo: “Amanhã, tu vais fazer este tão sonhado programa. Mas se não agradar já na primeira audição, não entra no elevador, porque estás despedido”

Topei de imediato. Preparei a característica e as cortinas do programa, e gravei uma chamada para o lançamento do que batizei de “Falando de Discos”. Isso seria numa segunda-feira. No sábado, no Vesperal Farroupilha, então animado por Salimen Júnior, a grande atração era o cantor Agostinho dos Santos, de tremenda popularidade. Fui assisti-lo cantar e, após o sucesso alcançado no programa de auditório, convidei-o para visitar o meu programa.

Confirmada a visita, abri o programa dizendo de que estaria, provavelmente, entrevistando um consagrado nome da MPB, sem revelar o nome, com receio de que Agostinho dos Santos furasse a minha expectativa. De repente, com o programa já no ar, a porta do estúdio se abre e ele entra. Quase tive um chilique de nervos. Berrei no microfone: “Pelo amor da Santa Virgem, eu não acredito... Um deus acaba de encantar a todos aqui no estúdio da Difusora... Senhoras e senhores ouvintes, Agostinho dos Santos acaba de chegar ao Falando de Discos, da Difusora. Os colegas, os funcionários da Rádio e mais o povo que começava a chegar invadindo o recinto aplaudiram o cantor, e foi um Deus-nos-acuda. O trânsito foi interrompido, os elevadores do prédio entupiram e a escadaria ficou lotada de gente. Todos queriam ver o ídolo. Foi uma loooucura de programa, já na sua primeira audição, tendo Agostinho tocado piano e cantado.

Então, passei a ser respeitado e ganhei outros espaços na programação, até que comecei a receber uns telefonemas de Salimen Jr., o animador ‘galã de estúdio’, elogiando meus programas. Num desses telefonemas, o ‘Turquinho’ falou: “Glênio, quando encerrares o teu programa, Sherlock do Disco, estarei te esperando na saída do prédio, pois precisamos conversar...

Não foi um simples papo que tivemos, mas, sim, uma cantada para assinar contrato com a Rádio Farroupilha. Quase não dormi naquela noite, de tanta emoção. Contrato assinado com a famosa PRH-2, assumi a direção da discoteca e da programação musical, passei a animador do famoso Rádio Baile Mesbla, aos domingos, às 18h, logo após o encerramento da jornada esportiva, em que criei o slogan Dance e Não se Canse. Naquele tempo, existiam as reuniões dançantes familiares ao som do rádio. Diretamente da discoteca e com auxílio de meus colegas, atendia os pedidos dos ouvintes pelo telefone e rodava a música solicitada.

Criei para os domingos de manhã como disc-jockey, Parada dos Maiorais, um desfile das melhores gravações da semana. Enquanto isso, o tempo vai passando, quando os cantores e músicos forçaram a barra para que eu fosse o animador da famosa Rádio Sequência na hora do almoço, programa de auditório de grande sucesso. O programa andava desanimado e isso se refletia nos artistas. Tudo em conseqüência dos comentários de bastidores de que a Rádio Farroupilha seria vendida.

Logo agora, exatamente, quando eu estava prestes a realizar meu grande sonho; ser o animador de uma das maiores atrações do Rádio Gaúcho, para fazer o que sempre sonhara. Chegada a minha vez, tive de motivar todo o elenco, mostrar novas canções, pedir nova decoração do palco do auditório da Rua Siqueira Campos, elevar o moral para que o auditório voltasse aos seus grandes momentos. No período de Carnaval, pedi que todos fossem fantasiados, pois iríamos fazer uma grande festa. Deu tudo certo, e o elenco voltou a sorrir.

Agora eu estava frente a frente com a platéia de segunda a sexta-feira. Não era mais um animador de estúdio, mas também de auditório, e estava feliz da vida, pois todos os dias chegava um ônibus do interior com caravanas para conhecer o animador Glênio Reis.

Nunca houve nada igual na minha vida de radialista. Foi algo surpreendente, inclusive para os diretores da Farroupilha. Mais tarde, recebi convite para ingressar na Rádio Gaúcha, mas esta é outra história que não precisa ser contada, por tudo estar muito presente ainda, apesar dos meus oitenta anos. Era tempo de televisão, onde também tive uma participação honrosa com o GR-Show e o Show do Gordo e do Magro, em que fazia dupla com o gordo Ivan Castro.

A Globo me levou para o Rio com a idéia de que eu seria o sucessor do famoso Chacrinha. Mas a saudade bateu no peito. Acabei pegando o avião, não mais retornando à Globo e desistindo do que seria o maior de todos os meus sonhos.

Porém, confesso, não me arrependi nunca, porque continuo com minha família a meu lado, e isso é o meu maior sucesso na vida.