TODAS RAINHAS E SÓ UM REIS

TODAS RAINHAS E SÓ UM REIS
Ellen, Rosy, Carolina, Anésia e GR

segunda-feira, junho 20, 2011

A ARTE DE ANÉSIA PEREIRA DOS REIS:
 sonho de menina transformado em realidade



Foi em sua terra natal, Chuvisca, interior de Camaquã/RS, que como um sonho, a menina sentiu-se atraída pela pintura.

As paisagens e a natureza interiorana , que sempre lhe fascinaram, indicavam-lhe o caminho rumo ao tempo que ficara para trás, como uma contingência da própria vida, ou seja, o destino de ser pintora.

O matrimônio a trouxe para Porto Alegre, onde um longo período de iniciação básica tem começo como: pintura de tecido, porcelana, guache, aquarela, pastel seco e oleoso e bico de pena.

Em sua busca constante pelo aperfeiçoamento no domínio de se expressar através de suas telas e tintas, acrescenta ao seu currículo, cursos de desenho livre, publicitário e estudo da figura humana, no Instituto Universal Brasileiro, Serviços do Comércio e Associação dos Funcionários Municipais.

Determinada, conclui chegada da hora de expor seus trabalhos à apreciação do público. Espaços culturais como: Banco do Rio Grande do Sul (Matriz), Banco Meridional, Hospital de Clínicas de Porto Alegre e II Salão Regional de Pintura Artística, na Sociedade Amigos de Tramandaí e muitos outros, serviram de cenário para as suas Exposições bem sucedidas.

Destaque em seu louvor, a diversificação de trabalhos, onde é notório o seu amadurecimento no campo do domínio de luz e sombra, a par da singeleza no emprego das cores. Toda essa evolução comprova o êxito de quem muito se dedicou para que a expressão divina de sua arte transformasse em realidade o sonho de menina, que sempre fora... a pintura a óleo sobre tela.

Glênio Reis














O ACASO ACONTECE FREQUENTEMENTE NA INTERNET
 

Por Agilmar Machado

Um dia, como habitualmente faço, vejo um pedido num site da Argentina de que participo (trata-se de um veículo virtual com reconhecimento oficial e versa sobre tradições musicais e artísticas do nosso vizinho do Sul), uma mensagem meio “aportunholada” (existe isso?).

No foro de debates (chamado “mesa de café”) onde invariavelmente estou, li uma mensagem de Glênio Reis solicitando esclarecimento a uma dúvida sua…
A mensagem, com o acesso contínuo de outras, que se sucedem incessantemente, foi ficando para trás. Como cotidianamente faço, fui até a segunda página e lá estava a mensagem de Glênio ainda sem resposta
Como uso pseudônimo espanhol, respondi (em espanhol) à pergunta do nosso estimado homem de rádio.
Pensando ser eu um “porteñito”, agradeceu-me a gentileza da resposta, ao mesmo tempo em que alfinetou, sem dó nem piedade, a falta de receptividade dos demais da mesa.
Ao pé da resposta, deixei meu e-mail argentino como referência…
Dia seguinte, Glênio, com a lhaneza que lhe é toda peculiar, mandava-me um presente que está na “prateleira” de gratas recordações dos meus arquivos cibernéticos, por ter sido o primeiro de muitos que tenho dele: a saudosa Clara Nunes com o não menos saudoso sanfoneiro Sivuca dando um tremendo show (com direito a clip e tudo) do alegre xaxado, Feira de Mangaio.
E daí pra frente começou nosso diálogo, tendo eu me identificado devidamente para safar o querido Glênio do seu enrolado “portunhol” (quando narro isso lembro que conhecidos, nós encontramos a cada dia, em cada esquina da vida, mesmo nos escaninhos da internet; agora, AMIGOS de verdade, que se tornam aquelas companhias diárias de trocas de brindes artísticos, mensagens pessoais e sugestivas, aqueles AMIGOS dos quais sentimos falta quando não aparecem já pela manhã, isso é coisa muito rara e fabulosamente rica !).
E graças à gélida recepção que alguns “contertúlios” mostraram, ganhei a amizade perene e chegada de Glênio, cujo coração bate seu tic-tac para a emoção dos amigos há quase oitenta anos, sempre com a mesma firmeza dos dezoito.
Ouso confessar que na “escalera” de meus 72, invejo a personalidade, a competência, a disposição (dorme à 01h30 da madruga) do meu estimado Glênio Reis.
Esse patrimônio da Radio Gaúcha, em cujos microfones está todos os sábados, firme como uma rocha, por si só é uma HONROSA LEGENDA VIVA DO RÁDIO BRASILEIRO.
Quando comecei os contatos com Glênio, pensei que sabia muito de rádio: de pegada concluí que sou apenas um aprendiz no ramo, perto do majestoso exemplo de vida pessoal e profissional do MESTRE GLÊNIO.

terça-feira, junho 07, 2011

DIA 15 DE MARÇO DE 2009, MARCA NO ABRAÇO DA FOTO, O MOMENTO DE ABERTURA DE UMA AMIZADE. SENTIMENTO MOTIVADO PELA INFORMAÇÃO NO ZH MENINO DEUS, DÁ EXISTÊNCIA DO MUSEU DO RÁDIO, CRIAÇÃO DE DALTRO D'ARÍSBO.
FUI CONHECÊ-LO EM SEU RANCHO NO NOSSO BAIRRO MENINO DEUS, BEM ASSIM COMO AS PEÇAS (RÁDIOS), QUE SÃO VISTAS AO FUNDO DA FOTO.
FOI UMA MANHÃ DE DOMINGO MUITO AGRADÁVEL PODER TER ESTADO EM SUA COMPANHIA.
PARA OBJETIVAR ESTA POSTAGEM, RECOMENDO UM PASSEIO PELO SITE: http://www.museudoradio.com/, CERTAMENTE FICARÁ SURPRESO COM O QUE CONHECERÁ.

sábado, junho 04, 2011

ERA DO RÁDIO

Com “Sem Fronteiras”, o DJ Glênio Reis é líder de audiência


ELE SÓ TOCA O QUE QUER


RENATO MENDONÇA


No início da década de 1960, o iniciante Glênio Reis começava seus programas de rádio com o bordão entusiasmado “Alô Mamãe”.   Em 2009, o veterano Glênio Reis inicia seu programa Sem Fronteiras, na Rádio Gaúcha AM e FM, com o bordão entusiasmado “Alô Mamãe”.

- È mesmo como se o tempo não passasse. Estou com quase 82 anos, mas sou o mesmo Glênio, com tesão pelo que faço, com a alma e o coração em festa – diz o disc-jóquei.

A festa que Glênio propõe parece não ter fim. – Sem Fronteiras que vai ao ar aos sábados, entre 21h e meia noite, registra o triplo de audiência se comparado ao seu concorrente mais direto. O modelo do programa é radical: o comunicador não atende ligações telefônicas dos ouvintes, não recebe e-mails, não atende pedidos de música. O único critério é o lema “Sem preconceito, mas também sem lugar para a mediocridade”, o que abre espaço para bons discos independentes, uma sessão de tango e sucessos de Orlando Silva, Celine Dion, Eliseth Cardoso e César Passarinho.

- As pessoas ouvem o programa porque confiam em mim. Mais do que isso, porque sabem que vou surpreendê-las.

Quem examina os mais de 50 anos de carreira de Glênio não se surpreende que seu diferencial seja justamente o fator surpresa. Em 1958, ele foi pioneiro em reconhecer e divulgar a revolução que a bossa nova propunha na voz contida de João Gilberto, mas não abriu mão do humor ao inventar o personagem Sherlock que percorria as lojas de disco da Capital em busca de novidades para seus ouvintes. Nos anos 1960, ele saía com um gravador portátil – naquela época, portátil era algo quase do tamanho de duas caixas de sapato – pelo centro de Porto Alegre para entrevistar de populares a políticos. Nessa fase, o comunicador também aprontava na TV. No programa Disc é Jóquei, na TV Piratini, ele aparecia montado em um cavalo pangaré, vestido de jóquei para comentar ao vivo os lançamentos fonográficos. E não hesitava em colocar uma peruca e dublar Banho de Lua, fazendo as vezes de Celly Campelo.

Era de Glênio ainda o comando de GR Show, transmitido aos sábados à tarde pela TV Gaúcha, no final dos anos 1960. Afinado com o iê-iê-iê vigente, o comunicador criou um conjunto para tocar os sucessos da época, novamente surpreendente:

- Colocamos um naipe de sopros ao lado de guitarras, baixo e bateria.

Mais perto dos anos 1970, Glênio colocou nas ondas do rádio o Programa da Pesada, que não fechava portas nem ouvidos para atrações roqueiras, como Jimi Hendrix, Led Zepelin ou Steppenwolf. No front local, incentivava grupos como o Liverpool Sound, que mais tarde se transformou no Bixo de Seda. Nos anos mais recentes, foi uma das principais vozes do nativismo, transmitindo festivais desde o Interior pela Rádio Gaúcha.

Ainda que continue entusiasmado, Glênio diz que se sente insatisfeito com a música que se faz atualmente:

- Onde está um letrista como Aldir Blanc? Os artistas parecem mais interessados na parte visual do que na musical.

Frente a alguém tão antenado em música, só falta perguntar: “E o senhor nunca quis ser músico?”

- Ainda bem que não. Tenho todas as músicas na cabeça, harmonias de Chet Baker a Led Zepelin, de Sérgio Rojas a Chico Buarque. Mas ia ser minha perdição, eu ia comer, beber, viver e morrer música.

renato.mendonça@zerohora.com.br
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Glênio Reis, que ficou conhecido como o primeiro comunicador a ser chamado de disc-jóquei no Rio Grande do Sul, monta o repertório dos seus sonhos:


Músicas:
* All by Myself, * All the Way, * New York, New York, * Something, * Satisfation, * "Penny Lane".
Intérpretes:
César Passarinho, Chico Buarque, Ellis Regina, Tom Jobim, João Bosco e Aldir Blanc, Orlando Silva, Pixinguinha.
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“Glênio é um senhor da comunicação, especialmente da comunicação radiofônica. Além do talento e da habilidade para o ofício, ele acumula o prazer pela arte e pela música. Glênio é inestimável.” Ruy Carlos Ostermann.
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SINTONIZE-SE 600 AM 93.7 FM

Sem Fronteiras, aos sábados, às 21h, com Glênio Reis


(Transcrito do caderno TV + SHOlW - Zero Hora, Domingo, 22 de Março de 2009.

segunda-feira, maio 30, 2011

Poeta das Águas Doces na Entrega do Troféu Açorianos a Glênio Reis


                             
Dia 26/04/2011, fui intimado pelo radialista Glênio Reis, a comparecer no Teatro Bourbon Country, a fim de acompanhar a cerimônia de entregas dos troféus relativos à 20ª. Edição do Prêmio Açorianos de Música (2010), no qual recebeu Menção Especial por seu expressivo desempenho como mais antigo comunicador gaúcho na área musical. Também receberam essa premiação Ayrton dos Anjos, renomado produtor fonográfico do Rio Grande do Sul; Carlos Branco, produtor musical; OSPA 60 Anos e Revista Noize. Os Homenageados do Ano foram Kleiton e Kledir pelo conjunto da obra.

Em sua fala de agradecimento, este filho de “seu” João dos Reis e de Dona Carolina Tanger dos Reis salientou a sua plena disposição de continuar atuando à frente dos microfones, faça frio ou faça calor, sem ligar para o avançado de seus 83 anos recém completados. Mantém-se ativo enquanto sua saúde permite para dar continuidade na apresentação do seu consagrado programa Sem Fronteiras das noites de sábado e, às vezes, das madrugadas de domingo – “sem preconceitos, onde a mediocridade não tem vez” – sempre na sintonia da Rádio Gaúcha, de Porto Alegre.

Com emoção referiu-se à presença de seus familiares na primeira fila da platéia de que muito se orgulhava – suas filhas Ellen e Rosy, ambas professoras como sua saudosa esposa Anésia Pereira dos Reis, e mais a neta Carolina, a quem nutria esperança de que se tornasse como ele radialista. Ao final de sua oração, o público levantou-se para aplaudi-lo em demorada salva de palmas, como testemunha desse ato de reconhecimento a quem vem se dedicando com notável pertinácia à missão de levar entretenimento e cultura ao nosso povo.

A família Reis me proporcionou uma festa maravilhosa, senti-me bastante honrado com o convite deles e apreciei muito essa companhia como se fosse um de seus membros.

José Alberto de Souza.

sábado, maio 21, 2011

RÁPIDAS PINCELADAS RADIOFÔNICAS
Glênio Reis
Radialista, programador musical, apresentador de programas, animador de auditórios.

“Muito antes de realizar o sonho de me tornar um profissional de rádio, eu organizava , produzia e apresentava na antiga Rádio Difusora (na época uma Emissora Associada, assim como a Rádio Farroupilha) um programa ao vivo de jazz, com músicos locais e dos que por aqui passavam vindos do Rio ou São Paulo. Tudo por amor à música e pela vontade de me tornar um radialista, simplesmente.

Corria o ano de 1957 e a Difusora se preparava para fazer outro tipo de rádio, voltado para a música e programas de estúdio. As portas estavam se abrindo para mim. De repente, chega a notícia de que a Difusora estava sendo negociada. Feita a transação comercial, fui incluído entre os profissionais contratados da Rádio como produtor.

Não satisfeito e querendo espaço para lançar meu programa, todos os dias eu enchia o saco do Diretor de Programação, Aramis Brickman, para que me deixasse animar um programa na nova Difusora. E, todos os dias, eu ouvia o clássico NÃO. “Produtor, produz – dizia ele -; não pega microfone”.

Até que um dia, cansado de tanto ouvir minhas cantadas, foi logo dizendo: “Amanhã, tu vais fazer este tão sonhado programa. Mas se não agradar já na primeira audição, não entra no elevador, porque estás despedido”

Topei de imediato. Preparei a característica e as cortinas do programa, e gravei uma chamada para o lançamento do que batizei de “Falando de Discos”. Isso seria numa segunda-feira. No sábado, no Vesperal Farroupilha, então animado por Salimen Júnior, a grande atração era o cantor Agostinho dos Santos, de tremenda popularidade. Fui assisti-lo cantar e, após o sucesso alcançado no programa de auditório, convidei-o para visitar o meu programa.

Confirmada a visita, abri o programa dizendo de que estaria, provavelmente, entrevistando um consagrado nome da MPB, sem revelar o nome, com receio de que Agostinho dos Santos furasse a minha expectativa. De repente, com o programa já no ar, a porta do estúdio se abre e ele entra. Quase tive um chilique de nervos. Berrei no microfone: “Pelo amor da Santa Virgem, eu não acredito... Um deus acaba de encantar a todos aqui no estúdio da Difusora... Senhoras e senhores ouvintes, Agostinho dos Santos acaba de chegar ao Falando de Discos, da Difusora. Os colegas, os funcionários da Rádio e mais o povo que começava a chegar invadindo o recinto aplaudiram o cantor, e foi um Deus-nos-acuda. O trânsito foi interrompido, os elevadores do prédio entupiram e a escadaria ficou lotada de gente. Todos queriam ver o ídolo. Foi uma loooucura de programa, já na sua primeira audição, tendo Agostinho tocado piano e cantado.

Então, passei a ser respeitado e ganhei outros espaços na programação, até que comecei a receber uns telefonemas de Salimen Jr., o animador ‘galã de estúdio’, elogiando meus programas. Num desses telefonemas, o ‘Turquinho’ falou: “Glênio, quando encerrares o teu programa, Sherlock do Disco, estarei te esperando na saída do prédio, pois precisamos conversar...

Não foi um simples papo que tivemos, mas, sim, uma cantada para assinar contrato com a Rádio Farroupilha. Quase não dormi naquela noite, de tanta emoção. Contrato assinado com a famosa PRH-2, assumi a direção da discoteca e da programação musical, passei a animador do famoso Rádio Baile Mesbla, aos domingos, às 18h, logo após o encerramento da jornada esportiva, em que criei o slogan Dance e Não se Canse. Naquele tempo, existiam as reuniões dançantes familiares ao som do rádio. Diretamente da discoteca e com auxílio de meus colegas, atendia os pedidos dos ouvintes pelo telefone e rodava a música solicitada.

Criei para os domingos de manhã como disc-jockey, Parada dos Maiorais, um desfile das melhores gravações da semana. Enquanto isso, o tempo vai passando, quando os cantores e músicos forçaram a barra para que eu fosse o animador da famosa Rádio Sequência na hora do almoço, programa de auditório de grande sucesso. O programa andava desanimado e isso se refletia nos artistas. Tudo em conseqüência dos comentários de bastidores de que a Rádio Farroupilha seria vendida.

Logo agora, exatamente, quando eu estava prestes a realizar meu grande sonho; ser o animador de uma das maiores atrações do Rádio Gaúcho, para fazer o que sempre sonhara. Chegada a minha vez, tive de motivar todo o elenco, mostrar novas canções, pedir nova decoração do palco do auditório da Rua Siqueira Campos, elevar o moral para que o auditório voltasse aos seus grandes momentos. No período de Carnaval, pedi que todos fossem fantasiados, pois iríamos fazer uma grande festa. Deu tudo certo, e o elenco voltou a sorrir.

Agora eu estava frente a frente com a platéia de segunda a sexta-feira. Não era mais um animador de estúdio, mas também de auditório, e estava feliz da vida, pois todos os dias chegava um ônibus do interior com caravanas para conhecer o animador Glênio Reis.

Nunca houve nada igual na minha vida de radialista. Foi algo surpreendente, inclusive para os diretores da Farroupilha. Mais tarde, recebi convite para ingressar na Rádio Gaúcha, mas esta é outra história que não precisa ser contada, por tudo estar muito presente ainda, apesar dos meus oitenta anos. Era tempo de televisão, onde também tive uma participação honrosa com o GR-Show e o Show do Gordo e do Magro, em que fazia dupla com o gordo Ivan Castro.

A Globo me levou para o Rio com a idéia de que eu seria o sucessor do famoso Chacrinha. Mas a saudade bateu no peito. Acabei pegando o avião, não mais retornando à Globo e desistindo do que seria o maior de todos os meus sonhos.

Porém, confesso, não me arrependi nunca, porque continuo com minha família a meu lado, e isso é o meu maior sucesso na vida.

sexta-feira, abril 29, 2011




MENÇÃO ESPECIAL AÇORIANOS PARA GLÊNIO REIS

ENTREGA DO PRÊMIO AÇORIANOS



EU E MEU GRAVADOR




Glênio Reis - Sendo o mais antigo comunicador gaúcho na área musical, Glênio Reis teve seu primeiro contato com o rádio ainda na infância, através de uma galena. Aos 28 anos entrou para Rádio Difusora, onde no final dos anos 50 conquistou seus primeiro programa, “Falando de Discos”, líder em audiência. Glênio inovou em uma época de austeridade, foi o primeiro a adotar o termo disck jóckey no Estado e ocupou cargo na Rádio Farroupilha, a maior da época.

Do rádio, foi para a TV, onde atuava no programa GR-Show, na antiga TV Gaúcha. Com duração de 4 horas, e transmissão ao vivo, passaram pelo programa todos os grandes valores da música no Brasil.

Nos anos 60, Glênio comandou o programa “Rádio Baile Mesbla”, ainda na Farroupilha, que reunia grandes grupos em volta do rádio para dançar. Nos anos 70, em Porto Alegre, Um Novo Mundo à Zero Hora, fazia um programa de ronda noturna que começava à meia noite. Nos anos 80, no Programa da Pesada tocava discos "marca-diabo", com músicas de mais de cinco minutos, que não tocavam em outras rádios. O Programa da Pesada, que segundo Glênio Reis, era "alegre e louco" conquistou o público universitário.

Hoje, Glênio segue sua rotina cobrindo festivais nativistas pelo estado para a rádio Gaúcha, onde tem o programa “Sem Fronteiras”, mesmo nome de seu site, onde conta sua história, fala de atualidades, esporte e de outras personalidades.

Como reconhecimento de sua contribuição para o rádio e para a propagação da cultura gaúcha através da música, este ano, Glênio recebe a homenagem do Prêmio Açorianos de Musica, em sua 20ª edição.

http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/default.php?reg=349&p_secao=67


(Texto transcrito do site da Secretaria Municipal de Cultura).


quinta-feira, abril 21, 2011



O homem que trouxe a empolgação ao rádio:
Glênio Reis
Por Poti Silveira Campos

Nos últimos meses, os dias tê
sido tristes para o radialista Glênio Reis, 83 anos, um homem que costuma esquecer datas. “Nunca dei bola pra elas”, diz, ao ser questionado sobre o ano em que o GRShow, programa de auditório por ele comandado na então nascente TV Gaúcha, foi ao ar pela primeira vez. Glênio nem se importa com isso. Também esqueceu a data da própria estreia na Rádio Difusora, a PRF-9, mas é capaz de repetir, com exatidão, bordões e falas que proferiu ao longo da carreira de 53 anos. Ainda bem. Rádio e música são duas paixões de Glênio – e ele tem muito a contar sobre ambas.

“Aqui quem está falando é Glênio Reis, filho único de Carolina Camargo Tanger dos Reis, de Bagé, e de João dos Reis, de Cacimbinhas, morador do Bairro Menino Deus, que está chegando às 21 horas no rádio do seu carro, do seu apartamento, da sua mansão ou do seu modesto barraco”, detalha em alto e bom tom. Eis a abertura do programa Sem Fronteira, que o porto-alegrense Glênio – criado no Bom Fim – leva ao ar na Rádio Gaúcha desde 2009, das 21h à meia-noite de sábado. “A proposta é tocar música. O Sem Fronteira é um programa sem preconceito, mas onde a mediocridade não tem vez”, explica. E bota sem preconceito nisso: a seleção inclui de Orlando Silva a Celine Dion, passando por Chico Buarque, Elis Regina, Jimi Hendrix, Led Zeppelin ou Steppenwolf – Glênio foi pioneiro em tocar na mídia local bom número de nomes do rock. Nesses dias tristes, a voz se empolga ao reproduzir coisas do rádio e da música. Aliás, empolgação tem sido uma marca registrada desde o início.

Foi preciso empolgação, por exemplo, para convencer a PRF-9 que Glênio merecia o próprio programa de rádio. “Eu pedia e ele me dizia não. Eu perguntava porque e ele dizia por que não”, relata. Glênio esqueceu o nome do “ele”, um chefe que tinha na Difusora, onde fora contratado como produtor. “Produtor era o cara que escrevia o texto que outros iriam ler. Hoje, produtor tem outro status, mas eu não queria ser produtor”, diz. Insistiu, insistiu e conseguiu. E entrou no ar com uma empolgação até então estranha ao rádio gaúcho. “O pessoal era conservador, falava empolado”, relembra e imita um imaginário locutor falando com uma batata quente na boca: “Boa noite, senhores e senhoras ouvintes...” Não há nenhuma arrogância na brincadeira. Glênio é um sujeito humilde, que na própria casa senta na beira do sofá, quase com jeito de quem já vai embora

Tudo ou nada

Então, em 1958, Glênio estreou na Rádio Difusora. Era tudo ou nada. O chefe que azucrinara lhe advertira: “Se não der certo, tu estás no olho da rua”. Glênio engoliu em seco, importou estilo e foi o primeiro a se denominar disc-jóquei no Rio Grande do Sul. “Não é a mesma coisa que DJ, que só põe música para tocar. Disc-jóquei é um orientador”, salienta. Além da expressão em inglês, o novato tirou a batata quente da boca para falar ao microfone e adotou a descontração dos programas de auditório. O programa se chamava Falando de Discos e ia ao ar de segunda a sexta-feira, das 9h30min às 11h30min. Glênio chegava a cantar ao apresentar as músicas, algo inusitado na época. O programa ganhava audiência, inclusive com fãs lotando o pequeno estúdio da Difusora. O apresentador se empolgava, botava o pessoal para cantar junto e – pronto – tinha o próprio coro.

Com o sucesso, o chefe “passou a dizer por aí que tinha a honra de haver descoberto Glênio Reis” que, por sua vez, ganhou outros programas na Difusora. Segundas, quartas e sextas, às 18h, Glênio se tornava o Sherlock do Disco, à procura de novidades do vinil. O personagem misterioso tinha como interlocutor – e locutor do programa – o eterno amigo do detetive criado por escritor Conan Doyle, o Doutor Watson. Elementar, meu caro Watson. E havia ainda o Você Faz o Sucesso, que atendia a pedidos da legião cada vez mais numerosa de ouvintes.

No Falando de Discos – dos três programas, o favorito do público e do próprio Glênio –, o radialista conquista trânsito também no meio artístico. O cacife lhe garante uma entrevista com o cantor e compositor Agostinho dos Santos (1932-1973), um astro em interpretações de canções como Felicidade e Manhã de Carnaval. Agostinho era uma atração da concorrente PRH-2, com o programa de sábado Vesperal Farroupilha, de Salimen Júnior. Ainda assim, Glênio consegue levar o músico ao estúdio da Difusora, no quarto andar do Edifício Comendador Azevedo, na Rua Uruguai, no Centro de Porto Alegre. Mais adiante, Glênio consegue algo considerado quase impossível: entrevista Orlando Silva (1915-1978), “o cantor das multidões”, estrela de primeira grandeza na música popular brasileira na primeira metade do século 20 e que tinha aversão a jornalistas.

Tocava de tudo

Na seleção musical de Glênio, tocava de tudo. O critério do disc-jóquei era o mesmo de hoje, com a qualidade em primeiro lugar. A concorrência com a Farroupilha não durou muito. Em 1959 – data que evidentemente não lembra –, Glênio é convidado a ingressar na emissora, como chefe da discoteca e programador musical. “Fiquei com o ego lavado. A Farroupilha era a Rádio Nacional do Sul”, compara, referindo-se à emissora fluminense referência na radiodifusão no país. A Nacional, prefixo PRE-8, além de ter sido a primeira emissora com alcance praticamente em todo território nacional, dispunha de invejável elenco de músicos, cantores e radioatores. No Estado, a Farroupilha tinha status semelhante.

Na nova casa, o Falando de Discos passa a ser transmitido às 14h. Glênio, no entanto, entrava no ar no final da manhã, a partir de 11h30min, com o programa Rádio Sequência, com entrevistas e música. Nos finais da tarde de domingo, direto da discoteca da PRH-2, é a vez do Rádio Baile Mesbla, um modelo de programa de sucesso na época em que as eletrolas estavam chegando aos lares gaúchos: o ouvinte ligava ou enviava carta – Internet, vale salientar, sequer existia –, pedia a música e dançava em casa, em reuniões com amigos e vizinhos.

Em dezembro de 1959 – outra data esquecida –, a TV Piratini se torna a primeira emissora de televisão no Estado, e Glênio, apresentador de Disque é Jóquei. O trocadilho era levado realmente a sério: Glênio ia ao ar vestido com roupa de jóquei – a caráter para uma prova de turfe – e surgia na tela montado de costas em um pangaré que era puro osso. Quem o assistisse, não teria como esquecer. Em 1965, é contratado pelo Rádio Gaúcha. Na TV Gaúcha, antes de a emissora se filiar à Rede Globo, apresenta o GR Show – quatro horas de programa nas tardes de sábado. O rádio estava num momento de baixa, com as tradicionais previsões de fim de um meio de comunicação quando ocorre a popularização de outro – no caso a TV. Glênio, então consagrado entre os jovens, se manteve na vitrine com a implantação da televisão. Afinado com o iê-iê-iê que estava na crista da onda – para utilizar uma expressão da época –, o comunicador garantiu ao GR Show a presença de um naipe de sopro ao lado de guitarras, baixo e bateria. O programa ficou no ar até 1967. Glênio, nem é preciso dizer, esqueceu a data. “Foram dois ou três anos”, afirma.
Uma data triste

Durante os anos 1970, Glênio assumiu o programa Um Novo Mundo à Zero Hora, uma ronda noturna que tinha início à meia-noite. Nos anos 1980, no Programa da Pesada, só tocava discos "marca-diabo", com músicas de mais de cinco minutos, que não tocavam em outras rádios. O Programa da Pesada, classificado por Glênio como "alegre e louco", conquistou o público universitário. Além do rock internacional, os picapes da Pesada também reproduziam os acordes de bandas locais como o Liverpool Sound, mais tarde transformado em Bixo da Seda.

Na lista das datas esquecidas, há também uma noite no final de março de 1964 – nada a ver com o golpe militar – em que uma jovem de 18 anos, moradora do Bairro IAPI, na Capital gaúcha, fazia as malas. No dia seguinte, a moça embarcaria, na companhia do pai, em um ônibus para São Paulo. Era Elis Regina. Por volta da meia-noite, Elis terminou seus afazeres e apagou a luz. Glênio respirou aliviado quando as frestas da janela, marcadas pela claridade da lâmpada, sumiram na escuridão da parede. “Até que enfim essa menina foi dormir”, disse a uma turma de músicos que aguardava o momento.

A turma reunia compositores gaúchos que Elis havia gravado. Lá estavam Túlio Piva, Mutinho – baterista, sobrinho de Lupicínio Rodrigues e que mais tarde se tornaria parceiro de Toquinho – e Sérgio Napp, entre outros, capitaneados por Glênio – aliás, o único não músico do grupo. Apagada a luz, cada compositor cantou, sob a janela do quarto de Elis, a música que ela havia gravado. Quando terminaram, houve alguns minutos antes de a janela se abrir e nela surgir Elis, chorando “que era uma loucura”, descreve Glênio. A ele, que havia organizado a despedida, cabia a tarefa de proferir algumas palavras: “Acabei chorando junto”.

Há uma data, porém, que está fora da lista de datas esquecidas. É a que não lhe deixa esquecer a tristeza: dia 24 de outubro, dia do próprio aniversário. Foi nesse dia, no ano passado, que Glênio se despediu, pela última vez, da mulher que amou durante 53 anos. Os olhos ficam úmidos ao lembrar. Anésia Pereira dos Reis morreu na madrugada do dia 23 de outubro de 2010, um sábado, depois de quatro anos de luta contra o câncer de pulmão. Formada em Pedagogia, Anésia foi diretora do Colégio Estadual Luciana de Abreu durante 18 anos. Ela e Glênio tiveram duas filhas, também professoras, Ellen e Rosy, e uma neta, Carolina. As três se revezam para fazer companhia ao radialista, que hoje divide seu tempo levando entretenimento com boa música pelas ondas do rádio, nas noites de sábado, e com olhar distante na lembrança do amor da mulher que se foi.
Agradecendo o destaque concedido pela Coletiva.net, transcrevemos acima o texto publicado.

terça-feira, abril 19, 2011